quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A despedida do velho


A despedida do velho

O velho passeia, olhos tristes
corpo curvado, cansado
olha ao redor,
numa despedida silenciosa
mas sabe que muitos vão sua
morte festejar de forma ruidosa.
O velho conta seu tempo
sabe agora pequeno,
vida evaporando...
O velho sente
Sente a partida,
Ontem era presente, o novo
hoje um velho, acabando...
morrendo, virando cinzas.
Amanhã será o passado,
que se despediu ,
ficando nas lembranças
doces dos que amam...
Nas saudades, nos desencontros
Uma página virada, sem volta...
Precisa morrer,
...Olhos fechando
O novo nascendo...
Outros sonhos,
Outros planos,
Outras vidas,
Novas alegrias,
Nascendo...

Enquanto o velho...
morria....

Betânia Uchôa

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Busque-me


Busque-me

Quando o desespero pela minha partida
te consumir,
levando-o a pura exaustão.
Busque-me,
Nas palavras de consolo, quando se sentia
vazio de você mesmo.
Busque-me,
nas risada espalhadas
pelos cantos da casa.
Busque-me,
nos passeios a mão dadas
Naquelas visitas desnecessárias,
só para te ter ao meu lado...
Busque-me,
nas músicas cantaroladas,
sentados na varanda.
Busque-me,
nas noites de lua cheia,
que nos envolve pela sua beleza.
Busque-me,
no perfume que ficou nas
roupas de cama...
Naquela bagunça organizada,
que tanto reclamava.
Busque-me,
nos cartões postais
das viagens sem tua presença.
Dos jantares, dos olhares..
Busque-me,
nas suas lembranças,
No teu passado,
o meu passado
e agora,
com mais presença.
Busque-me,
nas minhas lágrimas
que ainda não secaram.

Betânia Uchôa

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A lágrima que caiu






A lágrima que caiu

Hoje caiu uma lágrima
Não de tristeza,
Apenas caiu, veio rolando de cima
Escorregando em sua beleza.

Hoje caiu uma lágrima roubada
Sentimento profundo, latente
Caiu, desfazendo-se na madrugada
Libertando-se de forma valente

Hoje ela caiu, mas sem aquele véu
Parecendo uma pequena tempestade
Vista descendo do céu.

E foi aquele sentimento louco
Que veio como uma majestade
Aliviando o peso do meu corpo


Betânia Uchôa

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Visão de vida


Visão de vida

Do pó
nasci
vivi
sofri,
fui feliz
respirei
me zanguei
amei,
gozei...
a vida
te conheci
amei
filhos
amei
amadureci
contemplei
envelheci
vivi
respirei
ar
rarefeito
cansada
amada
feliz
sobrevivi
chorei
e ri.
Viajei
gente
conheci
me refiz
sou feliz
morrerei
certeza
ao pó
voltarei.

Betânia Uchôa

Sente...






Sente...

Sente como vibra
Toda essa energia
Contrapondo toda sua resistência
Veja tudo isso que gira entre nós...

Sente como a pele sente sua pele
Elas se conhecem
Se reconhecem quando se tocam
Sentem a pressão de sermos um...

Sente como suspira, respira
Toda nossa respiração
Cada movimento, subindo e descendo
Até o pensamento nosso, pensando em nós...

Sente como a nossa vontade muda
Todo nosso querer
Que é simplesmente,
enlouquecer enlaçados um no outro...

Sente como vibra
Tudo isso...
Vibra doidamente entre nós...
Por nós...

Betânia Uchôa

Sonho






Sonho

Que me venha esse dia
logo depois de uma noite
e se arraste até de tarde.
Com essa sensação de amor,
de algo bom, realizado
dentro e fora de meu corpo.

Que me venha esse dia
de cores e fantasias
como se fossem chamas
cruzando os corpos deitados.
Que me sonha e me acorda
e ainda, nos seus braços
eu me perca, pedindo
para ser achada,
neste vale de amor.


Que me venha esse dia
como algo concreto a realizar,
que me faça desejar
ser uma gata, uma fera.
Que me transforme em loba
e no seu desejo,
me deixar naufragar.

Que me ache esse homem
que seja o meu prometido.
Que me seduza e clame
que eu seja o seu
Infinito amor..

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Te trai com o vento


Te trai com o vento

Te trai com o vento
Que fez festa em meus cabelos
Enquanto sua ausência era sentida,
Ele me consolava.

Te trai com o vento
Que ouvia meus choros e anseios
Enquanto teu corpo estava longe
A quilômentros dali.

Te trai com o vento
Que fez carícia na minha pele
Acariciava meu rosto
E brincava com meus desejos
Enquanto aguardava tua volta.

Te trai com o vento
Que brincava com a paisagem
Enquanto eu andava
Para chamar minha atenção,
Murmurava em meu ouvido,
Uma doce canção.

Te trai com o vento
Que me acompanhava o passo
Junto com a minha solidão
Enquanto eu chorava sua perda
Naquela estação.

Te trai com o vento
Que embalava meu corpo
Suavizando meu pranto
Secando minhas lágrimas sentidas
Me trazendo fantasias.

Te trai com o vento
E ele varreu minhas mágoas
E só não conseguiu:
Varrer sua presença dentro de mim.

Betânia Uchôa

domingo, 7 de dezembro de 2008

Estranha Imagem







Cega-me essa imagem fria
Um espanto, faz-me ficar em anseios
Chega-me esse sentimento que o medo cria
Faz meu ser girar alheio.

Congela-me essa imagem abstrata
De um ser engolido pela paisagem
Amedronta-me essa sensação de miragem
Faz bater forte meu coração acrobata.

E na mente essa louca paisagem
Que se torna eterna dentro da pintura
Fazendo realidade aquela miragem.

E nos olhos atentos naquele canto
Fixos naquela estranha moldura
Esperando desaparecer tudo por encanto!

Betânia Uchôa

Tonta de poesia







Tonta de alegria
me vem
a sua mão macia
me fazendo o bem.

Tonta de fantasia
o som me chega
quase em sintonia
sua face lampeja.

Tonta de poesia
meu ser adormece
apesar da euforia.

E no sonho estremece
sonhando você
que nos meus braços floresce.

Betânia Uchôa

O tempo passou


O tempo não fala
ele não se contradiz
segue e se cala
na vida não pede bis.

O tempo é poesia
de amor, uma novela
e até uma alegria
que as vezes se abala.

O tempo te chama
te acorrenta
te clama
te inventa.

O tempo é agora
apenas um oi
nessa hora,
um olhar que se foi

O tempo sou eu
é o amor que me guia
ou um pedido meu
alguém que eu seguia.

O tempo se calou
nada aconteceu
foi uma tela que queimou
todo o filme meu.

O tempo chegou ao fim
foi algo que escolhi
pelo caminho ermo vim
e muita dor colhi.

Betânia Uchôa

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Paixão impossível






Minha chama de amor é uma vela acesa,
Uma lareira na noite a crepitar!
Vontade de ir a ti e me declarar
Mas queima em mim toda a incerteza!

A coragem me foge e nada me alegra
É agonizar na tristeza. É delirar
Medo desse amor, uma entrega
E saber de minha natureza! Deus, que penar!...

Eu penso nesse amor, já te disse tudo
E ainda assim, não vejo você voltar
Foi um sonho, mas foi em vão contudo

E só me resta esse momento lamentar
pensar nos momentos que pensei te amar
E ficar prostrada, te vendo e não te chamar!


Betânia Uchôa

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O vento que passa







Veja como passa
Levemente entre nós
Como carícia ultrapassa
Uma distancia veloz.

Veja como tremem
As velhas árvores
E as folhagens gemem
Feito um parto em dores.

E o barulho da hora
Chegam vozes e buzinas
Velhos sons de outrora.

Automóveis acelerando
Cruzando as esquinas
Com o vento, passando.

Betânia Uchôa