quinta-feira, 31 de março de 2011

Na memória



Na memória


Mais que loucura, que emoção!
sinto-me embriagada, sem ter bebido,
quando em minha reclusão, as suas mãos
acalentam meu corpo ainda vestido.

E me embala para a noite, é um teste,
para que tente, sem ter bebido,
zonza, cambaleante, desse a este
como mais um sonho sem sentido;
a memória como tu assim quiseste,
volta e dá ao meu ser um perdido.

E vago na lembrança do que via,
pensando em toda a rebeldia,
Eu reconheço minha ousadia,
e pelo nosso amor, viver melhores dias.

Me pergunto como posso ter vivido
todas essas loucuras, estando sóbria
sem ter bebido ou se faz algum sentido.

Betânia Uchôa


quarta-feira, 23 de março de 2011

Um vez, um amor



Uma vez, um amor


Uma vez eu tive um amor, um sonho,
Nasceu numa tarde em pleno outono.
Ficava encantada com seu ar risonho,
E do meu coração, você se fez o dono.


Um amor brando, doce, assim exponho.
Vivia a cantar e a sorrir até no sono,
Quando partia, doía, ficava tristonho
De pensar que podia ficar no abandono.


Esse amor sentido, que era luz, era dor;
Quem podia viver assim, entre mundos,
Do real sentido, desse amor fingidor.


Mas sempre estava ali, esse amor;
Sem fazer sentido, sentido profundo,
E morreu assim, sem um salvador.


Betânia Uchôa


quinta-feira, 10 de março de 2011

Existência



Existência

A existência é maior do que a encaro
Maior do que o que existe na mente
Diante de algo tão maior eu paro
Fico alheia ao que se passa no presente.

Fomos feitos com o sentimento raro
Não uma criação de forma displicente,
Mas com tudo isso, não ligamos, é claro
E saímos a gastar a vida, perdidamente.

Não pensamos em nada. Só o desejo
De viver tudo, certo ou errado, enquanto
A realidade é deslocada ao longe, apenas.

Falta ver a grandeza... essa visão que vejo
Falta liberar o sentimento de puro encanto
Ao criador, louvor, nas adorações serenas.


Betânia Uchôa


quarta-feira, 2 de março de 2011

Faz de conta



Faz de conta

*
Faça de conta que sou agora madura
E pelo tempo, passei por muitas vidas
Vivi de uma forma dolorida e dura
Eu compreendo tantas idas e vindas.
*
Faça de conta que sou apenas garota
Vivendo à espera de me tornar adulta
sonhando realizar alguma descoberta
Que pareça aos olhos do mundo culta.
*
Faça de conta que sou uma mulher
Correndo atrás de um sonho louco
Vivendo cada dia como bem o quer,
*
Mas não pense que sou agora velhinha
contando estórias de como eu vivia
Uma mulher de sonhos, e sonhos tinha.

Betânia Uchôa